sexta-feira, 27 de março de 2009

Notas sobre CPC do Professor Newton da Costa

Caros alunos,
Newton C. A. da Costa, um dos maiores lógicos contemporâneos, encontra-se atualmente no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina. Nesta postagem, seguem notas de aula, que versam sobre o nosso tema desenvolvido em sala de aula (o Cálculo Proposicional Clássico-CPC) do insigne mestre – num curso ministrado por ele Décio Krause na UFSC. Percebam que a formação matemática do Professor Newton da Costa o leva a encarar o CPC mais formalmente até mesmo num curso para iniciantes como este.
Um abraço,
André


link para o texto acima mencionado:
links para quem quiser saber um pouco mais sobre o brilhante professor Newton da Costa:

Um comentário:

Israel Calheiros disse...

Interessante o artigo. Professor eu fiz um resumo das principais falácias enumeradas no livro do Copi.

Abraços

O que é uma falácia? É um raciocínio incorreto no qual muitos de nós podemos cometer. É possível ser enganado? Ora, nem sempre é óbvio a falácia de um argumento e freqüentemente a fadiga, durante uma prolongada discussão, pode levar a desatenção e erros, de modo que elas passem desapercebidas.
Vejamos a natureza dela e os principais tipos.
Tipos de Falácias:
a) Falácias não-Formais
a. Falácia por argumentação pela ignorância (argumentum ad ignorantiam) – Alguém afirma algo de que não é possível contestação ou prova. Ex: Devem existir extra-terrestes, já que ninguém provou que eles não existem;
b. Falácia por Perguntas Complexas – Uma pergunta da qual não admite um simples sim e não como resposta. Acontece quando alguém coloca uma afirmação junto a uma pergunta, ou mesmo duas perguntas numa só: “Você parou de bater na sua mulher?”. Se você responder “sim” então admite a possibilidade de algum dia ter batido, se diz “não”, você continua batendo. “Você não apóia os idéias marxistas e a igualdade?”. Cada argumento desse comporta duas (ou mais) idéias. Veja que o fato de você não apoiar o Marxismo não quer dizer que você não apóie a igualdade aplicada de outras formas. Veja outros exemplos: “Onde foi que ocultou as provas?” ou “Que fez com dinheiro que roubou?” É necessário transformar essas perguntas em duas perguntas. Veja mais este exemplo:
Investigador: É verdade que suas vendas aumentaram em conseqüência da sua publicidade equívoca?
Testemunha: Não, senhor.
Investigador: Ah! Ah! Então admite que sua publicidade era equívoca e induzia o público ao erro? Você sabe que essa conduta transgride as normas de ética e pode causar-lhes sérios problemas.
Veja neste exemplo que você não tem como responder “sim” e “não”.
A solução para esta falácia é negar as duas questões ou pedir para a pessoa que você estiver conversando para separar em duas questões e analisar cada um dos argumentos individualmente.
c. Falácia por apelo à piedade (argumentum ad misericordium) – Alguém se utiliza de informações que despertem piedade. Ex: O caso de um jovem que foi julgado por um crime bárbaro, matou com um machado seus pais, o advogado tentou despertar a piedade dos jurados trazendo o fato de que ele era órfão.
d. Falácia por recurso à Força (argumentum ad baculum) – Acontece quando alguém faz uso da força física para intimidar alguém a dar alguma resposta; Muito utilizado no campo diplomático como forma de intimidação.
e. Falácia por Ofensa (argumentum ad hominem) – Acontece quanto alguém ataca moralmente a pessoa e não o argumento;
f. Falácia por argumentação da circunstância (argumentum ad hominem) - Ser constrangido a dar uma resposta devido a alguma circunstância ou devido a questões hierárquicas, seja pelo nível social, intelectual ou pela subordinação a algum poder; “Por que se alimenta o senhor com a carne de gado inocente?”.
g. Falácia por apelo ao povo (argumentum ad populum) – Quando alguém procura algum argumento polêmico que dirige o emocional coletivo, desperta paixões, entusiasmo; Muito utilizado por políticos em debates. Ex: “Uma certa coisa deve ser verdadeira, todo mundo sabe disso”, “Todo mundo concordou, por que você não concorda?” A aceitação popular não torna o argumento razoável.
h. Falácia por apelo à autoridade (Argumentum ad Veredundiam) – Quando alguém ignora a argumentação por considerar que alguma pessoa possui autoridade sobre o assunto ou sobre outro assunto que não o discutido. Exemplo: Não discuta,o próprio Nietzsche falou: “Não acredite nos homens.”. Quando alguém também cita Einstein numa discussão de política está cometendo uma falácia, visto que ele não representa uma autoridade sobre esse assunto em específico. Propaganda usa muito esta falácia quando apresenta pessoas famosas utilizando algum produto.
i. Falácia de Acidente – É uma das falácias mais comum. Tomar algum aspecto acidental* e utilizá-lo como uma propriedade de alguma definição. Veja este texto extraído da república de Platão: “Suponhamos que um amigo, em seu perfeito juízo, confiou-me, em depósito, suas armas e me pediu que lhe devolvesse, quando seu espírito estivesse conturbardo. Deveria devolver-lhe? Ninguém diria que sim ou que eu faria a coisa certa se assim procedesse...” Ora, o que é verdadeiro em geral pode não ser universalmente verdadeiro.
Outro exemplo aconteceu recentemente em relação a um projeto de lei que vislumbrava censurar as propagandas de cervejas, o argumento utilizado foi “...querem proibir a divulgação de informação alegando...”, veja como o argumento veicula a falsa idéia de que propaganda de cerveja é informação, e por isso, não poderia ser censurada. O argumento não é verdadeiro porque a propaganda de cerveja não representa informação.
j. Falácia de Acidente Convertido – Ao procurar compreender e caracterizar todos os fatos de um tipo uma pessoa pode prestar atenção apenas em alguns deles. Ex: Observando o valor dos narcóticos quando ministrados pelos médicos para aliviar os sofrimentos de algum paciente, podemos ser levados a concluir que ele deveria ser postos a disposição de todo mundo.
k. Falácia por Falsa Causa – É atribuído o efeito a algo que não é a sua causa real. Ex: Após ser sugestionada os efeitos milagrosos de uma erva natural a sra. X é levada a concluir que o resfriado melhorou em virtude da erva natural. É verdade? Quais são as evidências?
l. Falácia por Petição de Princípio – Quando alguém tenta estabelecer a verdade de uma proposição donde a premissa pode ser deduzida da conclusão. Ex: “Não acredite no que ninguém diz!”, Por que acreditar nesse argumento então? “Lógica é a ciência das ciências”. Como pode ser ciência das ciências se ela é incapaz de explicar a si mesma (paradoxo de Roussel);
m. Falácia por Conclusão Irrelevante (Ignoratio Elenchi) O argumento que pretende estabelecer uma determinada conclusão é dirigido para provar uma conclusão diferente.
Para tentar estabelecer a culpabilidade de um réu, um promotor pode tentar argumentar longamente que o homicídio é um crime horrível, sem apresentar provas concretas que o réu é culpado daquele crime.

Identifique se os argumentos são verdadeiros, e se não for, os erros cometidos:

1) Como os testes demonstraram que foram precisos, pelo menos, 2.3 segundos para manobrar a culatra do rifle de Oswald, é óbvio que Oswald não poderia ter disparado três vezes – atingido Kennedy duas vezes e Connally uma vez – em 5.6 segundos ou menos. (Jornal New York Times em referência ao assassinato do presidente Kennedy)